sexta-feira, 9 de março de 2012

Assim como são as pessoas são as criaturas - parte 5 - o nutricionista e o amendoim

Hoje, a moça que estava sentada ao meu lado no metrô, por volta de umas 19h, tirou da bolsa um saquinho de amendoim (daquele que tem a casquinha salgada, bem calórico) e começou a devorar os amendoins rapidamente. Chegou a deixar cair um no banco, de tanta sofreguidão. Antes de acabar com o pacotinho, começou uma conversa por celular e alturas tantas informou o seguinte ao seu interlocutor: "Fui a um nutricionista hoje. Ah, fez um monte de recomendações, me proibiu de comer um monte de coisas..." Segurando o riso, pensei: "Não adiantou nada!" A mocinha, pouco depois, encerrou a ligação e terminou alegremente seu saquinho de amendoim. Provavelmente, vai iniciar a dieta "amanhã". #8)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Dinheiro é sujo?

Eu não gosto de pegar em dinheiro. Quanto mais velho, menos eu gosto, seja nota ou moeda. Se eu puder, sempre lavo a mão depois. Mas a minha pergunta não se refere a isso, não.
Certa feita, quando a empresa onde eu trabalho estava recrutando, eu participei da entrevista de três candidatos. Os três estavam na mesma exata situação: queriam ganhar mais, mas não achavam que iam conseguir isso na empresa onde estavam, então saíram procurando novo emprego. Só que eles não confessaram isso logo de cara - um disse que o contrato de estágio estava acabando, o outro disse que estava estagnado e o terceiro disse que não via possibilidade de crescimento. Insistindo e perguntando mais, descobrimos que a realidade não era exatamente essa. O estágio do primeiro estava acabando, sim, e a empresa até tinha dito que garantia a efetivação, mas não tinha ainda dito qual seria o salário. O segundo não tinha como estar estagnado ainda, porque não tinha nem seis meses de empresa, mas tinha entrado com um salário muito baixo - provavelmente num momento de muita necessidade - e já estava insatisfeito. O terceiro não conseguiu explicar qual era a dificuldade de crescer e, quando emendamos a pergunta sobre a remuneração, confessou que era isso mesmo, que queria ganhar mais.
Dos três, só o primeiro tinha pedido melhoria na remuneração e estava sem resposta, mas os três disseram que ficariam onde estavam caso a empresa fizesse uma boa proposta financeira. Ou seja, estavam apenas procurando melhores salários, nada além disso, mas dois não foram nem pedir e o que pediu não estipulou um valor e não estava querendo esperar a empresa dizer quanto queria pagar.
Aí vem a pergunta do título: dinheiro é sujo? É vergonhoso dizer que se quer ganhar mais? É algum tipo de crime, contravenção, covardia, maldade, etc., querer ganhar mais? O capitalismo é assim tão feio que não se pode querer ter mais capacidade de ter e fazer coisas? Por que as pessoas não podem pedir aumento? Por que as pessoas não podem assumir que estão querendo sair de onde estão porque estão ganhando abaixo do que gostariam? Eu nunca li um currículo ou parecer de headhunter que dissesse "Procurando melhor remuneração", é sempre "Em busca de novos desafios".
Uma coisa é trocar de emprego frequentemente por aumentos pequenos. Aí eu acho meio estranho, pois entendo que existam outros valores. Outra coisa é a pessoa buscar o que acha que merece - retorno do investimento, gente! Estudamos, aprendemos, contribuímos para o crescimento da empresa, estamos em constante evolução, então não podemos ser premiados por isso, ganhando um salário melhor? Não é errado, nem vergonhoso, é justo!

sábado, 14 de maio de 2011

Polícia de ortografia e gramática

Os erros de português em propaganda, jornalismo e qualquer outro material divulgado por empresas (incluindo e-mailmarketing) deveriam ser punidos com multa. Entendo que nem todo mundo saiba escrever, aliás, na verdade, desculpem, não entendo, não! Aceito que pessoas que não tenham tido acesso à educação tenham dificuldade para escrever e até mesmo para falar (minha empregada fala "deusde" em vez de "desde" e "imperativo" em vez de "hiperativo"). Mas quem frequentou escola particular tem a obrigação de saber se expressar.
Fugi um pouco do que eu ia falar. Muita gente não sabe escrever direito. Algumas dessas pessoas escrevem assim mesmo (o twitter e o facebook estão cheios de "mais" no lugar de "mas", por exemplo), mas aí quem está pagando mico é a pessoa. Já me incomoda... Mas quando eu vejo um erro de crase em uma propaganda, aí fico apavorada. Como que a empresa não tem um revisor? Gente, tem que ter alguém para revisar tudo que é escrito, senão a empresa paga mico. Já vi placa de trânsito com erro de português, aí foi demais!
O pior erro que um gerente / diretor / presidente de qualquer coisa pode cometer é não saber a limitação das pessoas que trabalham para ele. No portão de entrada do meu condomínio, a administradora colocou uma placa bacana, bem impressa e sem erros. A placa vai ficar lá enquanto não trocarem a administradora, ou seja, por um bom tempo, uma vez que está sendo feito um bom trabalho. Aí, alguém quis aproveitar que aquela placa estava ali para acrescentar um pedido de identificação aos que quisessem entrar pelo portão. Não sei o que houve, mas imagino que tenha havido alguma reclamação, porque não lembro de isso ser uma questão comentada nas reuniões. Infelizmente, pediram a alguém não qualificado para escrever a frase na própria placa, logo abaixo do texto da administradora. Ficou assim: "Visitante indentifique-se". Vou dizer que é dolorido chegar todo dia em casa e ver isso... Cadê a Polícia de ortografia e gramática? Multa no condomínio!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A semelhança entre o homem e o suricato

Outro dia, eu estava procurando o que assistir na TV e caí no Animal Planet, bem no início de um episódio do programa "No Reino dos Suricatos". A vida de algumas famílias de suricatos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Suricata) são acompanhadas nesse documentário em capítulos que tem formato de novela. O narrador vai contando a história, ora mostrando uma família, ora outra, ao mesmo tempo em que nos explica um pouco sobre os hábitos e as regras da sociedade desses bichinhos. Muito interessante e bem feito. A primeira parte desse artigo fala um pouco do programa, talvez explicando melhor do que eu: http://noticias.uol.com.br/ultnot/bichos/ultnot/ult295u2277.jhtm
Um pedaço que me marcou no episódio que eu vi foi o comportamento de um suricato que me lembrou muito o homem (o macho da nossa espécie). O tal suricato - esqueci o nome agora, vou chamar ele de João - saiu de perto de sua família porque perdeu a condição de macho alfa para seu irmão. Isso aconteceu em algum episódio anterior, então não sei o motivo, mas o João estava tendo que aturar diariamente demonstrações de poder de seu irmão. Cansado dessa vida (assim disse o narrador), João se afasta da família para tentar dar novo rumo à sua vida.
Ele se aproxima de uma outra família (os "Pereira") e percebe que a fêmea alfa (vou chamar de Ana) está atenta à sua aproximação, mas no bom sentido. O narrador então explica que a família Pereira está sem macho alfa e que todos os machos vivos na família são filhos ou irmãos da Ana, e que, por isso, não podem ter filhos com ela. Talvez por esse motivo, os machos Pereira não apresentam resistência ao João, que começa a se aproximar lentamente sob o olhar interessado de Ana.
Eis que, não mais que de repente, aparece uma fêmea desgarrada. Ela não pertence a nenhuma família, então será uma presa fácil para um "sexo casual". Um macho desgarrado aparece na área, e João espanta ele rapidamente para passar a noite com a tal fêmea, adiando a possível conquista de Ana Pereira para o dia seguinte. Assim que o sol nasce, ele abandona a fêmea e vai procurar a família Pereira.
Infelizmente para João, um macho de uma outra família (que não sei porque estava procurando uma fêmea fora da família) chega antes dele e é aceito por Ana, que, vamos lá, estava mesmo precisando de um macho e muito provavelmente teria aceito o João. João perde a chance de se tornar o macho alfa da família Pereira pela pura pressa de passar uma noite com alguém.
Quando eu era garota, me ensinaram que os homens fazem absolutamente qualquer promessa em troca de sexo. Não pensam nas consequências, o importante é satisfazer o desejo sexual, depois a gente vê o resto. Ao longo da história, muitos já foram obrigados, por suas próprias mães, a casar, caso tenham prometido isso a uma virgem em troca do sexo. Outros apenas quebram promessas e corações, ficando por isso mesmo. Lembrei desse ensinamento quando vi o João voar para cima da fêmea desgarrada, não pensando nem mesmo no seu próprio futuro. A promessa de sexo logo ali, naquele momento, sem esforço, sem dúvidas e sem consequências foi um chamado forte demais aos instintos do pobre João.
Dizem que isso é o instinto de preservação da espécie. Acredito nele. E entendo o desespero dos rapazes que fazem de tudo para conseguir procriar, mesmo sem saber que é isso que está por trás daquele caldeirão de hormônios! A programação deles está no sistema operacional. #8)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O celular e a varinha de condão

Um conhecido meu disse certa vez que a população não estava preparada para ter celular. Ele pegava a barca todo dia para trabalhar e estava se referindo à enorme quantidade de pessoas que falavam assuntos pessoais e delicados pelo celular em ambientes públicos sem qualquer preocupação de quem estaria ouvindo em volta. Ou seja, faltava maturidade tecnológica, faltava a percepção de que celular não é telefone, não se estava mais em casa, trancado no quarto, contando segredos para a melhor amiga. Se estava na rua, usando uma ferramenta parecida com o telefone, mas não igual.
Meu marido diz que o celular está se transformando em uma varinha de condão. Esse aparelhinho interessantíssimo faz cada vez mais do que apenas permitir comunicação sem fio à distância, e vai ser cada vez mais imprescindível nas nossas vidas.
Acho que ambos estão certos, e a maturidade tecnológica terá que chegar para todos - é a tal inclusão digital, certo? A famosíssima Sonia tentando pronunciar youtube.com (http://www.youtube.com/watch?v=Z2ssNSjMLRk) nos mostra o quanto isso será difícil para alguns, mas a Geração Y (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o_Y) não terá nenhum problema. E a Wikipedia já está falando em Geração Z!
Eu, que não sou de nenhuma dessas, mas me viro, estou apaixonada atualmente pelo Foursquare. Tem gente que não entende sequer qual o objetivo de ter Internet no celular, mas eu acho o máximo brincar de ser Local ou então Mayor de algum lugar. #8)
Espero que a Geração Z, em seus futuros saltos tecnológicos mirabolantes, não me exclua digitalmente.

domingo, 21 de novembro de 2010

Espaço vital e educação

Tem gente que não tem noção do conceito de espaço vital. Os caixas de farmácia são um exemplo: você ainda está guardando seu troco, ou cartão, e eles já estão chamando o próximo, que vai ter que dividir o espaço mínimo do balcão com você, que ainda nem pegou sua sacola ainda (ou pegou correndo, de qualquer jeito, porque já sabe que vem o próximo aí). Aí, ou você se afasta do caixa, indo para a porta da farmácia com a bolsa ou a carteira aberta (arriscado), ou fica mesmo no caminho da outra pessoa, se espremendo para deixar ela invadir o seu espaço vital.
Uma vez eu vi uma cena bizarra. Eu era a terceira da fila de uma farmácia no centro, quando a caixa 3 chamou o próximo. A primeira pessoa da fila era uma mulher que, quando viu que o recém-atendido ainda estava guardando o dinheiro na carteira, não se mexeu. O homem que estava atrás dela simplesmente a contornou e foi para o caixa. Ela protestou imediatamente: está furando a fila? E ele respondeu: você não foi! A caixa tentou dar razão ao homem: eu mandei a senhora vir, e a senhora não veio. Ao que a mulher respondeu: você não manda em mim! Aí, infelizmente, ela perdeu o rumo da discussão... Mas estava, na minha opinião, coberta de razão. A caixa não tinha noção de espaço vital e o homem era arrogante e mal educado. Arrogante porque assumiu que a mulher era otária (que eu lembre, ela era loira, o que causa grande preconceito nos homens arrogantes) e mal educado porque não perguntou para ela porque ela não estava atendendo o chamado da moça do caixa.
Sempre que alguém cede a vez na fila, ela fala, não é isso mesmo? "Pode passar, estou esperando tal-e-tal-coisa-ou-pessoa." Se a pessoa não falou nada, ela pode não ter ouvido que era sua vez, então, não nos custa alertar, em vez de sair assumindo que podemos passar a frente. Essa semana, tive um exemplo de pessoa educada. Fui ao McDonald's e tinha uma daquelas mocinhas com prancheta que te perguntam, na fila, o que você vai querer, para agilizar o trabalho do caixa. A mocinha que estava na fila que eu peguei não estava ao lado da fila, estava na fila em si, de costas para o último cliente. Enquanto minha amiga, que estava na minha frente, pensava no que ia querer (note, a tal mocinha da prancheta não deixou nem a gente chegar direito, mal entramos e escolhemos a fila, lá veio ela: posso oferecer uma promoção não-sei-das-quantas?), chegou uma senhora que escolheu a nossa fila. A mocinha da prancheta, como estava de costas para a fila, não viu que ela andou, e aí ficou um espaço entre o último da primeira parte da fila e ela, que iniciava a segunda parte. A tal senhora, educadamente, me perguntou se estávamos na fila. É assim que se faz! Se tem um buraco na fila, você estranha e pergunta, não sai achando que é seu aquele espaço.
Eu me repito um pouco com minha mania de protestar contra falta de educação, mas é que o Rio está demais! Quem sabe os meus textos fazem cair algumas fichas?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Egoísmo

Um pouco ainda na linha da minha tristeza com a falta de atenção que reina, queria registrar que quando não prestamos atenção no próximo estamos sendo egoístas.
Ouço muito as pessoas dizendo "eu tenho que fazer as minhas coisas" para justificar não fazer um sacrifício por alguém. Mas um pouco de sacrifício pelo próximo é uma coisa boa. Temos muita vida pela frente, podemos deixar de fazer alguma que queremos de vez em quando. Ninguém se torna otário por fazer algo a mais do que o padrão por alguém que mereça.
Merecer é que é a questão hoje em dia para mim. Percebi que algumas pessoas simplesmente não merecem. São aquelas que, por mais que eu tenha saído do meu caminho para ajudar, nunca mudaram sua programação por mim. Por essas, só faço o que não vai me dar nenhum trabalho adicional, conforme elas fazem por mim. Para minha surpresa, elas não se incomodam, não! Isso é o esperado, cada um faz pelo próximo só o que não incomodar. Modelo de comportamento do Século XXI, pelo visto.
Não gosto, não. Prefiro aquelas pessoas com quem troco favores estapafúrdios. Aprendi a ser um pouco egoísta, mas gosto mesmo é de me enrolar para fazer algo que vai fazer uma pessoa querida sorrir. Tenho um monte de amigos assim, que estão sempre disponíveis para me ajudar, que me oferecem favores antes de eu pedir. Eles devolvem minha fé na humanidade. #8)