sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Dinheiro é sujo?

Eu não gosto de pegar em dinheiro. Quanto mais velho, menos eu gosto, seja nota ou moeda. Se eu puder, sempre lavo a mão depois. Mas a minha pergunta não se refere a isso, não.
Certa feita, quando a empresa onde eu trabalho estava recrutando, eu participei da entrevista de três candidatos. Os três estavam na mesma exata situação: queriam ganhar mais, mas não achavam que iam conseguir isso na empresa onde estavam, então saíram procurando novo emprego. Só que eles não confessaram isso logo de cara - um disse que o contrato de estágio estava acabando, o outro disse que estava estagnado e o terceiro disse que não via possibilidade de crescimento. Insistindo e perguntando mais, descobrimos que a realidade não era exatamente essa. O estágio do primeiro estava acabando, sim, e a empresa até tinha dito que garantia a efetivação, mas não tinha ainda dito qual seria o salário. O segundo não tinha como estar estagnado ainda, porque não tinha nem seis meses de empresa, mas tinha entrado com um salário muito baixo - provavelmente num momento de muita necessidade - e já estava insatisfeito. O terceiro não conseguiu explicar qual era a dificuldade de crescer e, quando emendamos a pergunta sobre a remuneração, confessou que era isso mesmo, que queria ganhar mais.
Dos três, só o primeiro tinha pedido melhoria na remuneração e estava sem resposta, mas os três disseram que ficariam onde estavam caso a empresa fizesse uma boa proposta financeira. Ou seja, estavam apenas procurando melhores salários, nada além disso, mas dois não foram nem pedir e o que pediu não estipulou um valor e não estava querendo esperar a empresa dizer quanto queria pagar.
Aí vem a pergunta do título: dinheiro é sujo? É vergonhoso dizer que se quer ganhar mais? É algum tipo de crime, contravenção, covardia, maldade, etc., querer ganhar mais? O capitalismo é assim tão feio que não se pode querer ter mais capacidade de ter e fazer coisas? Por que as pessoas não podem pedir aumento? Por que as pessoas não podem assumir que estão querendo sair de onde estão porque estão ganhando abaixo do que gostariam? Eu nunca li um currículo ou parecer de headhunter que dissesse "Procurando melhor remuneração", é sempre "Em busca de novos desafios".
Uma coisa é trocar de emprego frequentemente por aumentos pequenos. Aí eu acho meio estranho, pois entendo que existam outros valores. Outra coisa é a pessoa buscar o que acha que merece - retorno do investimento, gente! Estudamos, aprendemos, contribuímos para o crescimento da empresa, estamos em constante evolução, então não podemos ser premiados por isso, ganhando um salário melhor? Não é errado, nem vergonhoso, é justo!

sábado, 14 de maio de 2011

Polícia de ortografia e gramática

Os erros de português em propaganda, jornalismo e qualquer outro material divulgado por empresas (incluindo e-mailmarketing) deveriam ser punidos com multa. Entendo que nem todo mundo saiba escrever, aliás, na verdade, desculpem, não entendo, não! Aceito que pessoas que não tenham tido acesso à educação tenham dificuldade para escrever e até mesmo para falar (minha empregada fala "deusde" em vez de "desde" e "imperativo" em vez de "hiperativo"). Mas quem frequentou escola particular tem a obrigação de saber se expressar.
Fugi um pouco do que eu ia falar. Muita gente não sabe escrever direito. Algumas dessas pessoas escrevem assim mesmo (o twitter e o facebook estão cheios de "mais" no lugar de "mas", por exemplo), mas aí quem está pagando mico é a pessoa. Já me incomoda... Mas quando eu vejo um erro de crase em uma propaganda, aí fico apavorada. Como que a empresa não tem um revisor? Gente, tem que ter alguém para revisar tudo que é escrito, senão a empresa paga mico. Já vi placa de trânsito com erro de português, aí foi demais!
O pior erro que um gerente / diretor / presidente de qualquer coisa pode cometer é não saber a limitação das pessoas que trabalham para ele. No portão de entrada do meu condomínio, a administradora colocou uma placa bacana, bem impressa e sem erros. A placa vai ficar lá enquanto não trocarem a administradora, ou seja, por um bom tempo, uma vez que está sendo feito um bom trabalho. Aí, alguém quis aproveitar que aquela placa estava ali para acrescentar um pedido de identificação aos que quisessem entrar pelo portão. Não sei o que houve, mas imagino que tenha havido alguma reclamação, porque não lembro de isso ser uma questão comentada nas reuniões. Infelizmente, pediram a alguém não qualificado para escrever a frase na própria placa, logo abaixo do texto da administradora. Ficou assim: "Visitante indentifique-se". Vou dizer que é dolorido chegar todo dia em casa e ver isso... Cadê a Polícia de ortografia e gramática? Multa no condomínio!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A semelhança entre o homem e o suricato

Outro dia, eu estava procurando o que assistir na TV e caí no Animal Planet, bem no início de um episódio do programa "No Reino dos Suricatos". A vida de algumas famílias de suricatos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Suricata) são acompanhadas nesse documentário em capítulos que tem formato de novela. O narrador vai contando a história, ora mostrando uma família, ora outra, ao mesmo tempo em que nos explica um pouco sobre os hábitos e as regras da sociedade desses bichinhos. Muito interessante e bem feito. A primeira parte desse artigo fala um pouco do programa, talvez explicando melhor do que eu: http://noticias.uol.com.br/ultnot/bichos/ultnot/ult295u2277.jhtm
Um pedaço que me marcou no episódio que eu vi foi o comportamento de um suricato que me lembrou muito o homem (o macho da nossa espécie). O tal suricato - esqueci o nome agora, vou chamar ele de João - saiu de perto de sua família porque perdeu a condição de macho alfa para seu irmão. Isso aconteceu em algum episódio anterior, então não sei o motivo, mas o João estava tendo que aturar diariamente demonstrações de poder de seu irmão. Cansado dessa vida (assim disse o narrador), João se afasta da família para tentar dar novo rumo à sua vida.
Ele se aproxima de uma outra família (os "Pereira") e percebe que a fêmea alfa (vou chamar de Ana) está atenta à sua aproximação, mas no bom sentido. O narrador então explica que a família Pereira está sem macho alfa e que todos os machos vivos na família são filhos ou irmãos da Ana, e que, por isso, não podem ter filhos com ela. Talvez por esse motivo, os machos Pereira não apresentam resistência ao João, que começa a se aproximar lentamente sob o olhar interessado de Ana.
Eis que, não mais que de repente, aparece uma fêmea desgarrada. Ela não pertence a nenhuma família, então será uma presa fácil para um "sexo casual". Um macho desgarrado aparece na área, e João espanta ele rapidamente para passar a noite com a tal fêmea, adiando a possível conquista de Ana Pereira para o dia seguinte. Assim que o sol nasce, ele abandona a fêmea e vai procurar a família Pereira.
Infelizmente para João, um macho de uma outra família (que não sei porque estava procurando uma fêmea fora da família) chega antes dele e é aceito por Ana, que, vamos lá, estava mesmo precisando de um macho e muito provavelmente teria aceito o João. João perde a chance de se tornar o macho alfa da família Pereira pela pura pressa de passar uma noite com alguém.
Quando eu era garota, me ensinaram que os homens fazem absolutamente qualquer promessa em troca de sexo. Não pensam nas consequências, o importante é satisfazer o desejo sexual, depois a gente vê o resto. Ao longo da história, muitos já foram obrigados, por suas próprias mães, a casar, caso tenham prometido isso a uma virgem em troca do sexo. Outros apenas quebram promessas e corações, ficando por isso mesmo. Lembrei desse ensinamento quando vi o João voar para cima da fêmea desgarrada, não pensando nem mesmo no seu próprio futuro. A promessa de sexo logo ali, naquele momento, sem esforço, sem dúvidas e sem consequências foi um chamado forte demais aos instintos do pobre João.
Dizem que isso é o instinto de preservação da espécie. Acredito nele. E entendo o desespero dos rapazes que fazem de tudo para conseguir procriar, mesmo sem saber que é isso que está por trás daquele caldeirão de hormônios! A programação deles está no sistema operacional. #8)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O celular e a varinha de condão

Um conhecido meu disse certa vez que a população não estava preparada para ter celular. Ele pegava a barca todo dia para trabalhar e estava se referindo à enorme quantidade de pessoas que falavam assuntos pessoais e delicados pelo celular em ambientes públicos sem qualquer preocupação de quem estaria ouvindo em volta. Ou seja, faltava maturidade tecnológica, faltava a percepção de que celular não é telefone, não se estava mais em casa, trancado no quarto, contando segredos para a melhor amiga. Se estava na rua, usando uma ferramenta parecida com o telefone, mas não igual.
Meu marido diz que o celular está se transformando em uma varinha de condão. Esse aparelhinho interessantíssimo faz cada vez mais do que apenas permitir comunicação sem fio à distância, e vai ser cada vez mais imprescindível nas nossas vidas.
Acho que ambos estão certos, e a maturidade tecnológica terá que chegar para todos - é a tal inclusão digital, certo? A famosíssima Sonia tentando pronunciar youtube.com (http://www.youtube.com/watch?v=Z2ssNSjMLRk) nos mostra o quanto isso será difícil para alguns, mas a Geração Y (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o_Y) não terá nenhum problema. E a Wikipedia já está falando em Geração Z!
Eu, que não sou de nenhuma dessas, mas me viro, estou apaixonada atualmente pelo Foursquare. Tem gente que não entende sequer qual o objetivo de ter Internet no celular, mas eu acho o máximo brincar de ser Local ou então Mayor de algum lugar. #8)
Espero que a Geração Z, em seus futuros saltos tecnológicos mirabolantes, não me exclua digitalmente.